Os sapatos do meu pai

                                                   Para Fernanda Barbosa

Os sapatos de meu pai tinham terra
As pontas marcadas pelas pedras
Os sapatos de meu avô também

Lembro-me dos seus passos
Na madrugada
Com pressa

Hoje já não fazem barulho
E talvez não tenham mais terra
Ou marcas de pedra

Nas nuvens por onde caminham
Os flocos brancos suavizam seu andar
Manso e longo

Seu andar
Já sem peso
Ou pressa

Os sapatos de meu pai
Deixam pegadas em nossa memória

Um comentário:

CESAR CRUZ disse...

Belo poema.

Estarão os sapatos do seu Aloísio, meu pai, pisando estas mesmas nuvens que agora pisam os sapatos do seu Ricardo?

Um dia saberemos...

Abço
Cesar